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sábado, 4 de dezembro de 2010

NATEX - INDÚSTRIA DE CAMISINHAS EM XAPURI - ACRE



De Rio Branco à Xapuri num vôo que durou 25 minutos. Por terra gasta-se 1 hora e meia. Cidade pequena envolta num orgulho estadual do mito Chico Mendes. Há descampado no seu entorno, que não é grande, que se presta à produção agrícola e alguns assentamentos rurais. No mais é o verde maciço da Reserva Florestal Chico Mendes e outras tantas que se seguem no Estado, deixando ainda em pé 90% do seu território coberto por floresta virgem.

Dentro das reservas do Acre há gente raleada nos seus confins. Longe, no Brasil profundo está o extrativista, vivendo sua vida de exclusão que nem sabe por quê, mas, vive assim tangendo a vida, como de costume. Muito bem, fui à Xapuri ver com meus olhos a indústria de camisinhas feitas com o látex extraído por centenas de seringueiros.

Na minha cabeça não havia dimensão da indústria. E assim, sem mais nem menos a NATEX se estampa, com toda fisionomia de uma indústria de médio a grande porte. Toda cercada, protegida, portão de entrada guarnecido, carro só passa depois de identificado. Toda área gramada, casas de apoio para funcionários, centro comunitário e a indústria social erguida no meio do ermo.

Fui recebido pela Gerente Geral Dirlei Bersch, pequena, frágil em fisionomia, mas, ao falar se agiganta tal o seu conhecimento técnico e o gosto com que administra gente e produção em série. Trata-se de uma empresa pública, que posso chamá-la de empresa social e comunitária, que custou 20 milhões de dólares, grande parte dinheiro emprestado pelo Estado no BNDES e outras fontes como SUFRAMA e outros ministérios.

Empresa social porque não visa a obter lucro. O lucro é social. Trazer de volta o seringueiro desgarrado. Animar aqueles que ainda estavam no extrativismo. São cerca de 700 seringueiros organizados em cooperativa para fornecimento de matéria prima (látex). E emprega 160 trabalhadores da cidade.

Toda produção é adquirida pelo Ministério da Saúde. Entrei e vi todo processo. Máquinas inteligentes, computadores acoplados, trabalham sozinhas, a borracha entra e vai andando e o látex é vulcanizado e vai girando ainda mais por imensos labirintos de maquinaria eletrônica até que se transforme em preservativo masculino - 8 milhões de unidades por ano.

A renda daquele povo melhorou. O extrativismo voltou a ser importante economicamente. Enquanto o atravessador paga menos de 3 reais por quilo, o empregador paga próximo a 5 reais/quilo. O Estado montou a indústria, a Funtac (fundação de tecnologia do Estado) administra, o dinheiro entra - paga os fornecedores e funcionários e despesas com custeio e operacionais - enfim - uma empresa eminentemente social.

Adorei. Pra mim valeu a pena.

Um comentário:

carlos vieira da silva disse...

Um dos maiores desperdícios de riqueza do Estado Rondônia, dentre tantos aqui não nomeados, estão as safras de verão dos ribeirinhos, às margens do fertilíssimo solo do Madeira. Não plantam porque, não há demanda. Não há demanda, porque não há logística. Não há logística, porque não há apoio, seja governamental ou por alguma entidade de organização social. Toneladas de alimentos deixam de ser exportadas, enquanto nossos caboclos -- cujos ancestrais aqui estão há mais de um século, como alguns dos descendentes da família Vieira, a maior em quantidade de gente do Estado de Rondônia -- lutam por uma sofrida sobrevivência.
contacto.
Carlos Vieira da Silva
carlos.democracia@gmail.com