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quinta-feira, 25 de março de 2010

SABEM ONDE NASCI?



Não foi no oco do pau. Foi no oco do mundo. Nem sabe você o meu orgulho. De ter nascido no sertão. Num sertão mais do que sertanejo. Naquele tempo era Goiás. Goiás profundo. Sumido no esconderijo da civilização. Nem estrada havia. Carreadores. Carreadores vem de carro de boi. De vez em quando um caminhão Chevrolet ou GMC rompia o silêncio dos ermos gerais. Sei que vocês não sabem, aqui, o que seja "gerais". Só mesmo quem já leu João Guimarães Rosa - Grandes Sertões Vereadas, pode saber. Eu sei e não vou contar. Para fazer suspense. Nasci em Dianópolis. Hoje é Toncantins. Ele já foi de tudo. Perto da Bahia, encostado ao Maranhão, cheirando o Piauí. E hoje está desgarrado do Goiás. Parece Nordeste, não é. Parece Centro-Oeste não é. Agora, é Norte.



Então, sou nordestino, do planalto central, dentro do Norte do Brasil. Sou tudo. Quando saí de lá, de favor, foi na carroceria de um caminhão. E dou graças a Deus. Por lá, hoje em dia, tudo está diferente. Meu pai queria filho trabalhador. Logo com 14 anos me pôs num curtume, quando se curtia couro com casca de angico. Depois, reclamei muito do fedor, ele me tirou e pôs numa selaria. Aprendi com Mestre Exupério a fazer meia-sola. Fiquei um ano. Mais tarde fui para uma marcenaria com o Mestre José de Bento, aprendi a lixar e pregar ripa em telhado. Meu pai sonhava ver o seu filho mais velho (eu) sendo autoridade. Pra ele, seu sonho era que fosse Sargento da Polícia Militar. Fui pra Goiânia. Dei gosto a ele - fui Sargento da PM de Goiás por 10 anos. Aproveitei o tempo para me formar em medicina. Este é meu currículo. Tem inveja dele? Então volte para os meus cafundós do mundo. No meu sertão bravo e maravilhoso. Tenho saudade de tudo. Voltaria atrás se me fosse permitido.

Um comentário:

Little Angel disse...

Dr.Confúcio, eu admiro suas origens, eu também sou de uma origem pobre (hoje estou um pouco melhor). Tive a in(felicidade) de escolher uma profissão que não é valorizada.Me encantei com o ato de ensinar e fui ficando.Hoje, quase 22 anos de Magistério, vejo que para não abaixar ainda mais o meu nível de vida, vou ter que arrumar outro trabalho. Uma pena, pois sei que não terei mais condições de me dedicar tanto aos meus alunos. Fazer o quê? Tenho duas filhas para ajudar nos estudos. É o único jeito que estou visualizando para resolver meu problema de grana.
O senhor deve estar se perguntando por que estou lhe contando tudo isso. Acontece que quero votar no senhor para o nosso governo, mas sinto que o senhor também agirá como nossos outros governantes que nos massacraram. Eu sei que com sua inteligência e traquejo político nosso estado só tem a ganhar, mas, nós professores estamos cansados de tanta falta de valorização.