Tive tempo de assistir o Fantástico de ontem. Quase tudo sobre o infortúnio das enchentes e desmoranamentos especialmente no Rio de Janeiro. Nada mais forte do que as imagens e que as palavras dificilmente conseguirão dizer algo mais. Diante de tudo resta a cada pessoa naquela situação clamar por socorro e ficar imensamente feliz com uma garrafa d'água, uma mão de apoio, um abraço. E no mais um a um vai saindo dos seus cantos destruídos, enfileirados, subindo ladeiras lamacentas, como retirantes passivos, carregando as dores dos séculos, para os seus campos de refugiados.
Não cabe aqui dizer de quem é a culpa. O que habitualmente recai sobre o poder público, as prefeituras ou governo do estado. Tudo é muito louco na ocupação urbana. Tudo é muito rápido nas invasões de áreas para morar. Ondas e ondas de brasileiros urbanizaram-se nos últimos anos. E continuarão a fazê-lo ainda mais. O mundo rural escasseia e o deslumbramento pelas regiões metropolitanas é fascinante, e tudo parece belo e mágico, enquanto formam legiões de brasileiros malmorados e infelizmente vivem no fio da navalha.
Sei como é isto. Você tira uma leva de gente. Logo depois outra está no lugar. Num raio do tempo, num piscar de olhos lá vem eles, numa organização de impulso a ocupar novamente o mesmo encantamento da morte numa rapidez insana. Só um Estado forte a impor limite duro e a oferecer assentamentos seguros e habitações dignas. O mundo pobre das grandes cidades mundiais repete o mesmo cenário. India, China, Brasil, México e por aí vai, parecendo uma onda do tempo em que o homem se descaminha para os seus próprios abismos.
O que me resta é sentir a emoção da imagem. E doer fundo na minha alma.
2 comentários:
As reportagens mais consistentes deste evento falam que nós não estamos preparados para isto. Governo brasileiro admite à ONU despreparo em tragédias. Precisamos da ONU dizer isto?? Lamento que sim... Mas sem uma valorização dos engenheiros para uma reengenharia do estado, todos os problemas estruturais em todas as áreas serão sempre recorrentes... Reportagens mostraram que alguns voluntários estavam de prontidão cientes do grande volume de chuva previsto.
Posso até parecer louco, mas ou o homem controla seu própio crescimento, ou isto o levará a seu fim.
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